Últimas Resenhas

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Resenha: Carrie, A Estranha- Stephen King


.




Livro: Carrie, A Estranha
Autor: Stephen King
ISBN: 978-85-7302-998-7
Editora: Objetiva



Resenha - Carrie, a Estranha


Boa noite, leitores, tudo bem? Estou passando só para apresentar a nova resenhista (sim, são dois novos resenhistas!), chamada Lara. A Lara é leitora do blog e é meio antisocial e por isso não quis se apresentar (espero que ela não veja essa parte!). Ela escreve bem para caramba! Na próxima resenha ela fala um pouquinho sobre ela! Deixo vocês com a resenha:

"Ninguém ficou realmente surpreso com o fato, pelo menos não no nível do subconsciente, onde se desenvolve tudo que é selvagem. Aparentemente todas as meninas na sala de banhos ficaram chocadas, emocionadas ou apenas satisfeitas por ter a White, aquela filha da mãe, levado novamente a pior. Algumas alunas podem ter fingido surpresa, mas, evidentemente, não era autêntica. Carrie já era colega delas desde o primeiro ano, e tudo isto vinha se acumulando lentamente desde aquela época, sem nenhuma alteração, de acordo com todas as leis que governam a natureza humana, com a constância de uma reação em cadeia, que está se aproximando do ponto crítico. O que nenhuma delas, no entanto, sabia é que Carrie White fosse telecinética.” Visualizar o ambiente opressor de Carrieta White é sofrer com ela as angustias de ser uma adolescente criada por uma beata viúva e fundamentalista, entretanto também lhe deixa sujeito a ser absorvido pelo terror dos antagonistas ao verem a pequena quadra daquele colégio sendo consumida por chamas e corpos de colegas sem vida. Com uma maestria e linguagem inigualável, Stephen King nos leva em sua primeira obra de terror publicada. Nota-se que não há uma preocupação exata de detalhar os fatos e os porquês em minúcias ou ao menos resguardar mistérios sobre o desfecho da história, aliás, saber que algo de muito horrível ocorreu só nos alimenta de uma fome insaciável por mais uma pagina e outra e uma mais. O interesse verdadeiro é transmitir os sentimentos dos personagens e seus pensamentos mais crus e muitas vezes doente. Carrie fora criada por sua mãe, Margaret White, uma beata crente de que absolutamente tudo que não habitasse seguro entre os alicerces de sua casa fosse demoníaco, satânico ou no mínimo e não menos ultrajante, pecaminoso. Foi reprimida e abusada psicologicamente por toda sua criação, aparentemente tudo que a garota fizesse poderia leva-la ao inferno, mesmo assim ela sobreviveu. Após um incidente no banheiro do colégio, Carrie volta a ser vitima das zombarias e gozações de seus colegas de classe, o incidente só reacende na garota seus velhos e adormecidos poderes telecineticos, os quais se revelam em situações desesperadoras. A professora que de fato socorrera a Carrie pune as alunas as privando da ida ao baile, Chris Hargensen uma das punidas e líder das zombarias contra Carrie tem uma brilhante ideia de vingança contra a garota White. Bem, se fosse a única que ocorresse durante a história, de fato não haveria aqui livro, ou resenha. Sue Snell uma das amigas de Chris que também participara do bullyng passa a se remoer – é interessante como King descreve a oscilação da ética tão humana dos personagens - o incidente e pede para que, seu então namorado, Tommy Ross, convide Carrie para o baile. O garoto de imediato rejeita a ideia, mas acaba concordando por estar fazendo um “bem” para White. O Baile. A armação. A vingança de Carrie. O ritmo acelerado do livro serve para um fim: descrever precisa e perturbadoramente os momentos finais daqueles alunos. Sucede que a vingança de Chris Hargensen com ajuda de seu namorado Billy Nolan dá extremamente bem, munidos de dois baldes de sangue de porco engatilhados acima do palco e com uma porção de cédulas com o nome de Carrie e Tommy para rei e rainha do baile, ao pisarem no palco os baldes são devidamente destravados e Carrie sofre a ultima humilhação de sua vida. Munido de “artigos” e “recortes de jornal” criados pelo autor, King descreve a desesperadora cena da virada de mesa por Carrieta White intercalando com o que se foi falado, ouvido e deposto a respeito do caso. Há muito mais em Carrie do que suas humildes 160 páginas podem mostrar, não se trata apenas da vingança, de uma história sobre colegiais e como não se deve ser má com aquela garota reclusa que senta no fundo da sala, faz suas lições e usa um saiote até os tornozelos. A carga psicológica e humana que King nos brinda é perturbadoramente nossa, os pensamentos e atos dos personagens relevantes ou não, são carregados de uma veracidade que nos leva a questionar nossos próprios atos e pensamentos, ou até mesmo, vislumbrar em um momento de insensatez, aquela historia real com personagens reais. Recomendo Carrie a todos aqueles que gostam de personagens profundos e verossimilhantes com gente como nós, recomendo a todos que preferem que descrevam os seres humanos como são de fato e não um amontoado de idealizações. Carrie não era um monstro, era uma garota enraivecida e corrompida cuja mente podia fazer muito mais que bater algumas portas quando estava frustrada.

- Lara Souza